Violência contra as mulheres, saúde e qualidade de vida

Autores

Palavras-chave:

Violência contra as mulheres, saúde, qualidade de vida, Brasil

Resumo

A violência no Brasil é um grave problema de saúde pública, afetando amplamente a população, mas com maior prevalência em certos grupos, especialmente mulheres, devido às questões de gênero. A violência contra mulheres, frequentemente perpetrada por parceiros íntimos, pode ser emocional, física ou sexual. Apesar dos avanços trazidos pela Lei Maria da Penha, a violência persiste. Pesquisa do Instituto DataSenado e do Observatório da Mulher contra a Violência revelou que 30% das entrevistadas sofreram violência doméstica nos últimos 12 meses, e 68% conhecem alguém que já sofreu. O Atlas de Violência do IPEA de 2024 confirma o aumento da violência contra mulheres, com 1.437 mortes em 2022. As consequências da violência incluem feminicídio e diversos impactos físicos e psicológicos, como lesões, disfunções ginecológicas, transtornos depressivos, ansiedade e distúrbios do sono. Mulheres que sofrem violência podem ter uma percepção alterada de sua qualidade de vida e buscar atendimento médico por queixas inespecíficas. Um estudo com mulheres atendidas em um hospital universitário em São Paulo mostrou que 56% das entrevistadas vivenciaram violência por parceiro íntimo nos últimos 12 meses, com sintomas como dor de cabeça, insônia e depressão, levando a um maior número de consultas médicas. Os resultados destacam a necessidade de atenção integral à saúde das mulheres que sofrem violência, incluindo abordagem psicossocial. A Atenção Primária à Saúde (APS) é crucial para identificar e atender essas mulheres, mas enfrenta obstáculos como a dificuldade de reconhecer a violência como questão de saúde, falta de treinamento e dificuldades para acessar redes intersetoriais. Superar esses desafios é urgente, pois a violência contra mulheres continua a crescer, e muitas dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) para seu cuidado. A resposta deve envolver múltiplos atores, incluindo gestores, profissionais de saúde e usuárias da APS, sob a perspectiva da corresponsabilização do cuidado.

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Biografia do Autor

Clara Vasquez Casavola Fachini, Faculdade de Medicina de Jundiaí

Acadêmica de Medicina, Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), São Paulo, Brasil.

Tayza Legaspe Gonçalves, Faculdade de Medicina de Jundiaí

Acadêmica de Medicina, Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), São Paulo, Brasil.

Maria José Martins Duarte Osis, Faculdade de Medicina de Jundiaí

Doutorado em Saúde Pública, Professora Adjunta na Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), São Paulo, Brasil.

Gianfábio Pimentel Franco, Universidade Federal de Santa Maria

Doutorado em Ciências, Professor Titular na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) campus Palmeira das Missões, Rio Grande do Sul, Brasil.

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Publicado

16-12-2024

Como Citar

1.
Vasquez Casavola Fachini C, Legaspe Gonçalves T, Martins Duarte Osis MJ, Pimentel Franco G. Violência contra as mulheres, saúde e qualidade de vida. Santé [Internet]. 16º de dezembro de 2024 [citado 22º de dezembro de 2024];3(2):4-7. Disponível em: https://periodicos.unidep.edu.br/sante/article/view/329

Edição

Seção

Artigo Original